04/12/2008
03/12/2008
riscar o que está errado
Quando alguém nos diz que um determinado assunto que nos mói não é assunto é porque:
a) não é da nossa conta
b) já não há pachorra
II
Quando alguém que consideramos amigo nos diz que sente mais do que amizade:
a) ficamos com pena mas afastamo-nos
b) ficamos zangados e afastamo-nos
c) aproveitamos que alguém nos queira assim
III
Quando a solidão se espalha como cinzas ao vento (original imagem, não?):
a) deixamo-nos afundar nela porque estamos cansados
b) levantamos a cabeça e procuramos solução digna
c) ficamos ressabiados e enchemo-nos de tudo o que vier à mão
IV
Quando os problemas vêm todos ao mesmo tempo:
a) escondemos a cabeça na areia e tomamos comprimidos para dormir
b) vamos ao supermercado comprar doces e um saquinho de força para não cairmos por terra
c) sobrecarregamos os amigos com eles
d) zangamo-nos com os mais próximos porque o amor é pouco
V
Quando é natal:
a) desatamos aos tiros
b) fugimos para onde o dinheiro chegar
c) fingimos que entrámos no espírito
d) cerramos os punhos e esperamos que passe
02/12/2008
âncora
28/11/2008
será que ainda cá estamos no fim do verão?
N'O Bairro do Amor o Jorge Palma diz que há quem pergunte, a sorrir: "Será que ainda cá estamos no fim do verão?"
É a finitude de todas as coisas. Que não nos deixa sossegar. Como se não nos bastasse a finitude maior, a da própria vida, mesmo que desta não façamos grande coisa.
Há finais pelos quais ansiamos, o final da semana, o final do mês, o final das reuniões aborrecidas, o final do dia. Se essa ânsia é o nosso crime, o nosso castigo é a finitude do resto, do verão, do amor, da infância, das vidas dos que amamos. E quando damos por nós já não fazemos planos a longo prazo porque não sabemos se cá estaremos no fim do verão.
27/11/2008
ebenezer scrooge
O natal deprime-me. A música de fundo nos centros comerciais irrita-me. Os pais natal pendurados nas janelas desde outubro exasperam-me. As compras de natal são um stress. Mas isso é agora, já gostei, assim como a minha filha gosta.
Tenho de fazer árvore de natal, não me escapo dessa. Aliás, tenho de fazer duas, a dos meus pais também, também desta não me escapo. Mas a minha desmancho-a assim que posso, como o ano passado, em que a desmanchei no próprio dia de natal, antes de me deitar.
Antes era bom. Iamos todos para casa dos meus avós, comíamos, ríamos, falávamos pelos cotovelos. Depois tornou-se impessoal. Famílias que não são as nossas, filhos que saltitam entre a casa da mãe e a casa do pai, falta de paciência e olhares furtivos para o relógio a ver se ainda falta muito para tudo acabar.
Hoje comprei os meus primeiros três presentes, todos eles para gente de quem gosto muito, valha-me isso, mas dispensava os sininhos e os barretes de natal.
Só o amor à minha filha e aos meus pais me podiam fazer passar por isto com um sorriso, ainda que mal arranjado, nos lábios.
26/11/2008
"o" presente
Uma vez a minha mãe comprou-me uma, mas não era bem isso. De características quase só o nome. Já comprei duas ou três para a minha filha, mas nenhuma a ponto de encher medidas. Já vi umas quantas na net, à venda, o dinheiro ainda nunca chegou para tal luxo.
O pior é esta coisa de eu ser assim complicadinha. E este presente, esta coisa que tanto gostava de receber de quem me fosse muito, muito caro, tem de ser adivinhado, escolhido a dedo, não pode ser a pedido, de maneira nenhuma, não senhores, há que mostrar empenho, pois então.
puzzle póstumo
Quando eu era miuda, os meus pais diziam que eu era bicho do mato. Não era, na verdade, apenas era já muito selectiva na escolha dos meus amigos e fazia questão de diferenciar os amigos dos conhecidos. Como ainda hoje faço. Conhecidos tenho muitos, amigos, chegam os dedos de uma mão para os contar, e ainda sobram. Sou exigente na amizade, como sou no amor. Estes sentimentos não são coisa que se desperdice em qualquer um. E sou tão inflexível quanto às falhas como sou fiel aos que não me falham.
Todavia, mesmo com esses amigos incondicionais, os que já deram todas as provas, aqueles a quem já provei tudo, reservo-me. Imagino-os, por vezes, sentados juntos à mesa, no dia do meu funeral, a falarem de mim. Juntos conseguirão fazer o puzzle, e sei que só então verão a imagem completa. Culpa minha, que não deixo ninguém conhecer-me. Mesmo assim amam-me. E deixam-me amá-los. E essa será sempre a gaveta mais preciosa do meu cofre.
25/11/2008
escolhas
Já falei dela. É uma miúda desenrascada, nada materialista, muito responsável e com ideias formadas. Às vezes acho que demasiado vincadas para a sua idade. Defende e argumenta correctamente aquilo em que acredita ou não.
Ontem ao jantar contava-me o seu dia de aulas. Parece que por alguma razão entrou numa conversa filosófica com a sua professora de português, já que, baseado num livro, o autor falava na divisão das almas, umas para o céu outras para o inferno. E aquilo lá entrou em conflito com as suas ideias e, como uma pequena guerreira lá disse à professora que não acreditava em almas, nem que quando se morre se vai para o céu ou para o inferno, lá disse, que na terra é que tudo se resolvia.
A professora lá foi conversando com ela com manifesto interesse (pelo que a minha filha me ia dando a perceber).
Para rematar a conversa, a Mariana, percebendo que não adiantava prolongar a conversa, finaliza dizendo: como é que eu posso acreditar que há almas boas e más ou que vamos para o céu ou para o inferno quando morremos se eu não acredito em Deus? Acredito que houve um homem chamado Jesus, mas um Deus lá em cima, não.
Portanto, 24 miúdos gritaram "oh! Não acreditas em Deus?"
E a professora apenas acrescentou: "nem todos acreditamos em Deus e como devem saber, na escola, muitos alunos não são crentes. Eu apenas não sabia que tinha nas minhas turmas um desses alunos..."
O facto de se revelar com outra maneira de ver as coisas e com opiniões diferentes, não perturbou nada a Mariana. Eu apenas lhe sorri, ciente de que essa era uma escolha sua, sem que eu lha tivesse algum dia incutido. Pisquei-lhe o olho e perguntei: "não aproveitaste para dizer que aos 3 anos já não acreditavas no Pai Natal, não?"
1. have you ever really loved a woman?
HAVE YOU EVER REALLY LOVED A WOMAN ? (Bryan Adams)
To really love a woman
To understand her
You gotta know her deep inside
Hear every thought
See every dream
And give her wings when she wants to fly
And when you find yourself
Lying helpless in her arms
You know you really love a woman
When you love a woman
You tell her that she's really wanted
When you love a woman
You tell her that she's the one
She needs somebody
To tell her that it's gonna last forever
So tell me have you ever really
Really really ever loved a woman
To really love a woman
Let her hold you
Do you know how she needs to be touched ?
You gotta breath her
Really taste her
To you can feel her in your blood
Then when you can see your unborn children in her eyes
You know you really love a woman
When you love a woman
You tell her that she's really wanted
When you love a woman
You tell her that she's the one
She needs somebody
To tell her that you'll always be together
So tell me have you ever really
Really really ever loved a woman
You got to give her some faith
Hold her tight
A little tenderness
You gotta treat her right
She'll be there for you
Taking good care of you
You really gotta love your woman
And when you find yourself
Lying helpless in her arms
You know you really love a woman
When you love a woman
You tell her that she's really wanted
When you love a woman
You tell her that she's the one
She needs somebody
To tell her that it's gonna last forever
So tell me have you ever really
Really really ever loved a woman
Just tell me have you ever really
Really really ever loved a woman
Just tell me have you ever really
Really really ever loved a woman.
sem retorno
Toda a gente sabe que depois de se dizerem certas coisas, por mais que tentemos refrasear, por mais que peçamos desculpas, não há volta a dar. Isto passa-se com coisas que dizemos, mas também com coisas que fazemos e até com coisas que pensamos. É ou não difícil tomarmos mentalmente uma decisão e depois voltar atrás, mesmo que não tenhamos dado conta dela a ninguém?
Vejamos um exemplo: Há estas duas pessoas, um homem e uma mulher que em determinado ponto se apaixonaram. Sendo duas entidades diferentes, necessariamente sentem e agem de formas distintas. Imaginemos que ela, a mulher, que elas são mais dadas a estas coisas, está disposta a entregar-se de alma e coração. Que põe de lado a lista de resoluções que a vida e a idade lhe redigiram, que aposta, que acredita. Imaginemos que ele, o homem, nem por isso. Que se mantém a uma distância prudente, colando no sítio mais visível da porta do frigorífico a lista de decisões que a sua vida e a sua idade também lhe redigiram. Ela, a mulher, ainda esperneia um bocadinho, ainda regateia, ainda pede, mas ele, o homem, mantém-se inflexível. Por defesa, que todos os animais, mesmo as mulheres, apuram o seu sentido de sobrevivência, a mulher começa também a retraír-se, o mesmo é dizer, deixa de lhe apetecer dar tanto, fazer cedências, apostar e começa mesmo a pôr em causa aquilo em que acreditou. Neste processo, inevitavelmente, a paixão esfria por ser constantemente aspergida com razões, as tais que, dizem, o coração desconhece.
Então, sem saber como, ela, a mulher, vendo que recebe tão pouco daquilo que esperava, puxa o véu, ou a concha, ou a janela, ou qualquer outro lirismo barato que a impeça de dar mais do que recebe e assim se protege, se defende, afastando-se.
O que é que isto tem a ver com o filme? O nome, evidentemente.
24/11/2008
truz truz
20/11/2008
saudades
Tenho saudades de a ver curvada a cuidar das malvas e das roseiras. De a ver dobrar as notas muito bem dobradinhas para as arrumar no porta-moedas. De a ver pôr na mesa tudo o que tinha para comermos, chegados da viagem. De a ter em minha casa, radiante e radiosa. De lhe ajeitar o lenço que usava na cabeça e de lhe fazer uma festa na cara.
a crise
19/11/2008
assunto do dia
18/11/2008
curiosidade
Ela reclamou um post, mesmo pequenino.
Aqui está ele.
Vai valer a pena a minha ausência, sua curiosa!
aquilo sem nome
do frio
17/11/2008
verde
16/11/2008
são dois braços
Às vezes esquecemo-nos de os usar para aconchegar um gato ou um filho. Às vezes esquecemo-nos dos abraços que já démos, dos que já recebemos e de como nos sentimos em casa.
Um destes dias recusei um abraço a um amigo. Ele precisava e eu recusei-lho, apenas porque uma vez, há algum tempo, um abraço que lhe dei foi mal entendido. Mas um abraço não se recusa. É para isso que servem os braços.
14/11/2008
rosa chá
13/11/2008
solidão
luto
ar fresco
a corda esticada
12/11/2008
diferentes perspectivas
Luna
Afinal, o nosso amor pelos animais não será tão diferente assim do nosso amor por algumas pessoas.
computadores
Avariou-se algo na sua existência que a tem feito andar numa roda viva. Não, não foi nenhum neurónio, porque esses, enfim... já andam avariados há algum tempo. Os seus computadores deram o peido mestre. E é vê-la escadas acima, escadas abaixo como uma barata tonta. Desventrou o computador do trabalho, acreditando num milagre, mexendo nos fios, reiniciando-o vezes sem conta. Isso teve apenas um benefício: o arquivo dos papéis, que vai adiando de dia para dia, encontra-se organizado ao pintelho. E desespera com a hipótese de ter perdido tudo o que tem guardado. Pois é, refazer coisas de 2005 é estopada. E perder os records dos jogos que tem conseguido?
Espero que hoje a coisa esteja resolvida. Caso contrário lá vai ela galopar pelas escadas... feita égua maluca. Hehe...